Doença Arterial Coronariana

Conheça os fatores de risco e as formas de apresentação da doença. 

Por: Dr. Ricardo Queiroga

No Brasil, as doenças do aparelho circulatório ainda são a principal causa de óbitos, seguida por neoplasias, causas externas e doenças do aparelho respiratório. A Doença Arterial Coronariana (DAC), dentre as doenças cardiovasculares, se constitui como uma das principais causas de mortalidade, perdendo apenas para as doenças cérebrovasculares.

A Doença Arterial Coronariana tem como principal substrato fisiopatológico, a formação de placas de gordura (Ateroma) na parede das artérias coronárias. Uma vez formada essa placa, o indivíduo passa a fazer parte de um grupo que potencialmente poderá vir a sofrer complicações dessa doença.

Fatores de Risco

É bom lembrar que tanto a formação das placas de ateroma, como a sua progressão e possível ruptura, causando o evento agudo (infarto do miocárdio), na grande maioria das vezes estará relacionado à presença de fatores de risco da doença. Esses fatores podem ser divididos em dois grupos, a saber: primeiro, temos os Fatores de Risco Removíveis, que são aqueles em que podemos intervir com medidas para mudança de estilo de vida (atividade física, abandono do hábito de fumar, perda de peso, abandono do álcool, controle da pressão arterial e diabetes, controle dos níveis de colesterol e etc.). Dentre estes fatores, podemos citar a hipertensão arterial, obesidade, sedentarismo, tabagismo, diabetes, ingestão de álcool. Em segundo lugar, temos aqueles Fatores de Risco Irremovíveis, como a idade, o sexo e a hereditariedade. Como já dissemos, tanto a formação da placa de ateroma, como a sua progressão e/ou ruptura estará, na grande maioria das vezes, a depender da presença desses fatores. Daí a grande importância que se tem em conhecê-los, para, aí sim, começarmos a controlá-los de maneira adequada e permanente.

É importante sabermos que estamos diante de uma enfermidade que pode permanecer assintomática durante um período muito prolongado da vida (doença sub-clínica), porém o fato de sermos assintomáticos nao exclui jamais a presença da Doença Arterial Coronariana.

Como a doença se apresenta?

Essa doença tem basicamente três maneiras de apresentação clínica: a primeira seria através do infarto agudo do miocárdio, que corresponde a 40 a 50% dos casos, doença grave e de evolução muitas vezes catastrófica, quando o indivíduo não recebe atendimento adequado. A segunda, se manifesta clinicamente através da angina “pectoris” ou mais comumente conhecida como dor no peito. A terceira e pior apresentação é a morte súbita. Na primeira e segunda maneiras de apresentação, seria importante conhecer as manifestações clínicas da doença para poder procurar atendimento adequado o mais rápido possível. Nessas situações, o tempo é fator determinante para o sucesso do tratamento. A dor no coração em aperto após uma atividade física ou uma forte emoção que melhora com o repouso, com irradiação para os membros superiores ou mandíbula, é a forma mais comum de apresentação. No entanto, não devemos esquecer as formas atípicas de manifestação, com dor epigástrica (boca do estômago) e dor em região dorsal (dor nas costas).

Qualquer desconforto ou dor que se apresente entre a ponta do nariz e a cicatriz umbilical (umbigo), o indivíduo deverá procurar um serviço de urgência, a fim de afastar uma causa cardíaca para tal.

Tratamento

A abordagem da DAC vai desde o tratamento clínico com uso de medicamentos e controle dos fatores de risco, passando pelas intervenções cirúrgicas percutâneas (cateterismo cardíaco) para implante de próteses coronarianas (stents) e a cirurgia de revascularização do miocárdio, com implante de pontes de safenas e mamárias.

Concluindo, a DAC tem uma alta prevalência e incidência após a quarta década de vida e aumenta com o passar dos anos, podendo levar o indivíduo até ao desfecho morte, pois sabemos que metade dos pacientes que sofrem infarto agudo do miocárdio não consegue receber atendimento hospitalar, uma vez que morrem antes do atendimento, seja pela gravidade do infarto, seja pela demora na procura de um tratamento especializado, muitas vezes se auto-medicando e esperando a remissão dos sintomas. Por isso, é importante chamar a atenção para a existência da DAC e ao mesmo tempo alertar as pessoas para a sua prevenção, tratamento e urgência na procura dos serviços de saúde quando ocorrerem o aparecimento dos sintomas. A rapidez neste atendimento pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Dr. Ricardo Queiroga (CRM-PB 4149)
– Especialista em Cardiologia -SBC
– Pós Graduação Hospital Beneficiência Portuguesa – SP;
– Hospital das Clínicas – HC – FMUSP.