Dor crônica: sete erros cometidos no tratamento

Por: Dr. Nêuton Magalhães

1 – Dor de cabeça e dor nas costas poderiam ser evitadas com cuidados simples

Dor nas costas, enxaqueca, dor nas articulações não representam nada demais, desde que apareçam de vez em quando e não atrapalhem a sua rotina. O caso é diferente daquele de quem sofre com problemas assim diariamente e não buscam ajuda.

Muitos pacientes não procuram tratamento quando a dor ainda é um problema discreto, contribuindo para que ela se agrave a ponto de, em alguns casos, se tornar insuportável.

A dor pode atingir tantos os idosos quanto os jovens e crianças. Quando é aguda, ela é um sinal de alerta, informa que alguma coisa não vai bem no organismo. Quando se torna crônica, então é uma doença, assim com o diabetes e a hipertensão. Procure ajuda de um especialista em dor ao menor sinal de dor crônica.

2 – Não se exercitar

Evitar o movimento quando existe uma dor faz com que a musculatura acabe tensionada. Mesmo com dor, a atividade física regular vai lubrificar articulações, fortalecer a musculatura e evitar que os músculos próximos à região que dói se tornem ainda mais tensos.

O exercício deve ser leve, moderado e indicado por um profissional. Mas tem que fazer parte do cotidiano de quem está sofrendo com a dor, progressiva e individualizadamente.

3 – Pular a fisioterapia

Fazer fisioterapia nem sempre é fácil, mas pode ser a solução. Muita gente acaba optando por um medicamento ou tentar se exercitar sozinho, mas essa escolha pode causar prejuízos desnecessários ao organismo. Tomar alguns tipos de medicação anti-inflamatória por muito tempo, por exemplo, pode levar à lesão dos rins e fígado e anemia grave. Se essa for a recomendação dos profissionais que acompanham seu caso, vale a pena trocar o remédio pelo exercício.

4 – Evitar tratamentos complementares

Você acha que meditação é balela? Pois saiba que atualmente há evidências que esse método pode ajudar a amenizar a dor.

Outra boa aliada é a acupuntura – nessa terapia, quando certos pontos do corpo são estimulados, ocorre a liberação de neurotransmissores naturais no organismo. O estímulo faz com que substâncias responsáveis pela sensação de bem-estar, como a endorfina e a serotonina sejam liberadas, equilibrando o funcionamento do corpo e aliviando dores.

5 – Automedicar-se

Acreditando que as crises de dores de cabeça são normais, muitos tomam analgésicos por conta própria. Quando chegam ao especialista, a dor já é diária e a lista de analgésicos que já não resolvem mais é grande. O organismo vai se acostumando ao medicamento de uso contínuo e perde seus próprios mecanismos de regular a dor. Sem o analgésico a dor vem mais forte, e mais analgésico precisa ser utilizado. Para tratar adequadamente a enxaqueca, o paciente deve consultar um médico que vai fazer a “desintoxicação”, ou seja, todos os medicamentos usados serão suspensos, dando lugar ao tratamento feito com medicações chamadas preventivas.

6 – Ir a muitos especialistas

Além de ser extremamente desgastante, ir a diversos especialistas e fazer todo tipo de exame demanda tempo e dinheiro. Um profissional familiarizado a elas – como um especialista em dor – tem formação específica para entender o problema, a partir da consulta médica. Muitos pacientes passam em vários médicos ao longo de um mês e se perdem no tratamento por que recebem um diagnóstico diferente de cada um deles. Por isso, procure primeiro um profissional que entenda de dor para lhe acompanhar corretamente.

7 – Mudar o tratamento por conta própria

Caso você tenha dúvidas ou sugestões para o seu tratamento, converse com o seu médico, não tome atitudes sozinho. O profissional sabe quais medicamentos podem ser usados por longo tempo sem prejudicar seu organismo. Ao decidir abandonar um tratamento por conta própria, mesmo que ele esteja no final, o paciente está jogando fora tudo o que foi feito.

 

Dr. Nêuton Magalhães (CRM-PB 5914)
Neurocirurgião Funcional;
Treinamento em tratamento neurocirúrgico da dor e doença de Parkinson no Grupo de Dor USP;
Doutorado no Departamento de Neurologia da USP, na área de dor lombar.