Tumores no fígado e a Ablação Percutânea

Conheça essa modalidade de tratamento minimamente invasiva

Por: Dr. Tiago Nepomuceno 

O que é a ablação hepática?

A ablação hepática percutânea é uma modalidade de tratamento minimamente invasiva, segura e eficaz para os tumores do fígado, no qual o Radiologista Intervencionista usa dos métodos de imagem médica, tomografia computadorizada ou ultrassonografia, para introduzir uma agulha de fino calibre através da pele no interior das lesões hepáticas e, dependendo do método de ablação utilizado, com o calor ou com a redução extrema de temperatura, causar a destruição das células malignas do tumor.

No Brasil, o método de ablação percutânea mais utilizado é o por radiofrequência. Nele a agulha utilizada para a punção funciona como um eletrodo e após ser conectada a um gerador específico emite ondas de radiofrequência no interior na lesão tumoral, causando uma intensa agitação iônica local, com consequente aquecimento tecidual e morte celular através de necrose de coagulação das células neoplásicas.

Qual o papel dos métodos de imagem?

O uso da tomografia computadorizada e da ultrassonografia permite uma visualização em tempo real do posicionamento da agulha-eletrodo, fazendo com que o procedimento tenha uma excelente precisão na marcação e no controle final da área de ablação, aumentando a segurança e a eficácia do método. O uso de imagem também permite que a ablação seja realizada pela via percutânea, de forma minimamente invasiva, sem a necessidade de abertura cirúrgica da cavidade abdominal, reduzindo assim o tempo de procedimento e de internação, bem como o número de complicações.

Quando é indicada?

Ablação hepática percutânea está indicada para o tratamento dos tumores hepáticos primários, hepatocarcinomas, no estágio inicial em pacientes que não são candidatos ao transplante hepático, que apresentem mais de uma lesão ou alguma contra-indicação à resseção cirúrgica. Também está indicada para o tratamento de tumores hepáticos secundários, principalmente metástases de tumores colorretal, de mama ou tumores neuroendócrinos, em pacientes que não são candidatos ou não desejem a terapia cirúrgica ou que apresentem alguma comorbidade que contra-indique a cirurgia.

Os melhores resultados são obtidos quando são tratadas lesões de até 3 cm, respeitando o limite de 3 a 4 lesões.

Como é realizado?

O procedimento da ablação hepática percutânea deve sempre ser realizado em ambiente hospitalar por um especialista treinado em Radiologia Intervencionista, em sala apropriada que conte com o método de imagem de escolha e com toda a estrutura para realização de procedimentos invasivos com suporte anestésico. A duração total do procedimento dura em torno de 90 minutos e o paciente geralmente tem alta hospitalar com um ou dois dias de internação.

Com o advento de novas tecnologias, o desenvolvimento contínuo dos métodos de imagem e dos materiais disponíveis para o tratamento percutâneo, a ablação hepática se estabelece hoje como um método seguro, eficaz e com resultados similares aos da cirurgia no manejo das lesões hepáticas. A ablação percutânea deve sempre ser considerada no manejo multidisciplinar do tratamento da neoplasia hepática. O paciente deve conversar sobre o método com o seu médico assistente e procurar a opinião de um especialista em Radiologia Intervencionista sobre o seu caso.

 

Dr. Tiago Nepomuceno A. E. De Miranda  (CRM-PB 6723)
– Médico especialista em Radiologia Intervencionista e Diagnóstico por Imagem;
– Título de Radiologia Intervencionista pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Sociedade Brasileira de Radiologia.